terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Botafogo - De volta para o futuro - Por Vinicius Carvalhosa


Após o fim do sofrimento no Brasileirão - 0nde diretoria e equipe fizeram de tudo para conquistar o rebaixamento - chegou a hora de o Botafogo voltar a pensar no futuro. A torcida alvinegra, que deu show com o "Black Hell" nos dois jogos decisivos, espera que esse futuro seja melhor. Com 17 jogadores tendo seus contratos encerrados em 31 de dezembro, a possibilidade de o Alvinegro contar com um elenco praticamente novo para a temporada 2010 é grande.


Dentre os jogadores com contrato chegando ao fim, a diretoria planeja concentrar esforços na renovação de apenas cinco deles: Renato, "pertencente" ao Cabofriense (mais um caso daqueles clubes que são usados como laranja de alguma empresa que detém os direitos do atleta); Diego, do Barueri, com renovação já em fase adiantada; André Lima, do Hertha Berlin, lanterna do Campeonato Alemão, e que não deve ter problemas para continuar no Brasil; Reinaldo, que mal jogou esse ano mas ainda é considerado craque pelos cartolas do Botafogo; e Wellington, do Cruzeiro, que dizem por aí que se destacou e dificilmente permanecerá - gostaria de saber como ele se destacou, com atuações bisonhas na reta decisiva, apesar do gol contra o Palmeiras. Do resto do elenco, a única saída certa é de Jobson, que fez três partidas boas, virou gênio e vai para o Cruzeiro. Tudo bem que perto do elenco medíocre presente em General Severiano ele era um dos melhores, mas não dá para alçá-lo à categoria de craque por ter jogado bem 45 minutos contra o Goiás em sua estreia, feito uma partida boa contra o Atlético-MG em seguida e ter destruído o São Paulo na antepenúltima rodada do Campeonato. A partida contra o Galo foi no dia 8 de outubro, e a contra o tricolor paulista no dia 22 de novembro. Ou seja, Jobson ficou quase dois meses sem jogar bem entre as duas partidas. Vai fazer falta, sim, mas não é uma perda irreparável.


Uma coisa é certa para todos. É preciso ter mentalidade muito diferente na política de contratações para 2010. Esse ano apenas duas contratações "deram certo": Maicosuel e Jobson. Em ambos os casos, os jogadores permaneceram muito pouco tempo no clube. O Botafogo não trouxe grandes reforços, nenhum dos dois chegou com status de solução. Foram apenas apostas (como todas as outras contratações do elenco) que deram certo. Time que quer ter sucesso não pode contratar apenas apostando. É preciso contratar com inteligência, buscar jogadores regulares que podem cumprir papel de carregador de piano e um ou dois diferenciados para levar o time pra frente. Com o nível que o futebol brasileiro apresenta, não é lá muito difícil contratar um jogador diferenciado, como bem mostra o estrago que o veterano Pet fez nas defesas nos poucos meses em que jogou.


A diretoria flerta com a contratação de Dodô. Embora grande parte da torcida seja contra, pra quem tem como atacantes Jobson, Victor Simões, André Lima, Reinaldo e Ricardinho, trazer o Dodô seria um upgrade excelente para esse ataque. Pelo menos ele sabe marcar gols e é capaz de decidir partidas muito mais do qualquer um dos acima citados. Some-se a isso o fato de que Jobson já está acertado com o Cruzeiro, Reinaldo vive machucado, André Lima e Victor Simões podem não renovar (além de não chegarem aos pés de Dodô) e Ricardinho dispensa comentários, e eis um time com necessidade urgente de atacantes, já que os únicos garantidos no elenco são os prata-da-casa Laio e Caio Canedo, ainda muito inexperientes, embora tenham se destacado na base em 2008 e 2009, respectivamente. Da base podem surgir outras opções para o ataque: o artilheiro Alex, que marca mais da metade dos gols da equipe de juniores; o rápido William, convocado para a seleção sub-18 no início do ano, mas que peca na finalização; o polivalente Jorge Luís, que já treinou entre os profissionais e pode jogar de ala e meia; e o ex-seleção sub-17 (em 2007) Júnior, no qual este colunista que vos fala não bota a menor fé e acha um bonde que lembra o estilo de Maicon, do Fluminense. Mas se até o Maicon andou jogando bem, porque não acreditar no Júnior? Enfim, o que importa é que apesar de ter bons nomes na base, os garotos não podem ser jogados aos leões logo como titulares, é preciso contratar bons nomes que possam ajudá-los a crescer.


Não é só no ataque que o Botafogo precisa de reforços já que, tirando o goleiraço Jefferson, o resto do time não passa confiança nem ao mais otimista dos botafoguenses. Precisa-se de meia criativo, de meia rápido para puxar contra-ataques, de volantes, de laterais e de zagueiros. Ah, e de técnico, urgentemente. Apesar da mediocridade do elenco, Estevam foi responsável por muitas das derrotas, já que insistia em escalar ou substituir erradamente. Já está na hora de procurar outro comandante para o barco alvinegro. Olhar para 2010 significa contratar de forma inteligente, aproveitar a base de forma responsável e ter mentalidade de time grande, tudo que não ocorreu em 2009. A tarefa é árdua, mas não impossível. Basta a diretoria querer e se mexer.

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