segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Botafogo - Do nada a lugar nenhum - Por Vinicius Carvalhosa



A demissão do técnico Ney Franco – não pretendo entrar no mérito da qualidade deste como treinador, mas foi necessária – coloca um grande ponto de interrogação em General Severiano. Não sou daqueles que acham o autor de “Na Beira do Caos” – ou o nome que tenha a musiquinha bem muquirana que ele cantou no programa Bem Amigos – o culpado por todos os males da humanidade, ou do Botafogo, pelo menos. Tampouco isento o mineirinho de culpa no cartório.



Ney mostrou ter qualidades como treinador quando pegou o alvinegro mal organizado (não-organizado seria mais apropriado) pelo seu antecessor Cuca e levou o time a onze jogos sem perder, incluindo três vitórias consecutivas fora de casa, se eu não me engano – um recorde para o clube na era dos pontos corridos, já que Mestre Cuca tinha alergia a vencer partidas longe do Rio. De qualquer forma, o elenco do ano passado era bastante superior ao desse ano, o que não quer dizer que fosse bom, apenas mostra o quanto o time agora é fraco. Isso mostra dois lados paradoxais do técnico: a capacidade de conduzir times minimamente decentes e a incapacidade de conduzir times ruins. Conseguiu bons resultados com o razoável time do ano passado, mas não arrumou nada com o elenco medíocre montado pela nova diretoria. Diretoria essa, aliás, que havia prometido um time para disputar o título brasileiro amparados no auxílio de empresários e de um utópico fundo de 25 milhões de reais para reforços. Mas isso é assunto pra outro post.



O lado bom de Ney Franco a torcida do Botafogo conheceu temporada passada. O ano de 2009 mostrou o lado ruim do técnico. Com a fragilidade do elenco, Ney não foi capaz de dar padrão de jogo ao time e abusou da incoerência. Jogadores que não ficavam sequer no banco em um jogo eram titulares no jogo seguinte, e daí por diante. Tudo bem, dou um desconto porque não há muito o que fazer quando os grandes reforços da equipe para a temporada foram estrelas como Fahel, Victor Simões, Tony e Batista. Até o pseudo-ídolo André Lima anda decepcionando. O cara que sempre se disse botafoguense mostrou contra o Atlético Paranaense que não possui compromisso nenhum com o sucesso do time, apenas consigo mesmo. Querer bater o pênalti em um jogo difícil, jogo de seis pontos, na situação em que o time se encontra no campeonato mostra, no mínimo, falta de profissionalismo. Só pensa em ser artilheiro. Teve uma atitude digna ao pedir desculpas pra torcida no intervalo, mas acho que ninguém que estava no Engenhão se importou muito com isso depois de ver o atacante perdendo dois gols feitos no segundo tempo. Espero que ele tenha aprendido que atacante que se preze pede desculpas com gols.



Agora, como já disse, o futuro em General Severiano é sombrio. Não existem bons nomes no mercado para substituir Ney Franco. Talvez o melhor seja Vagner Mancini, que ainda não provou nada. Foi bem no Grêmio, mal no Santos. A certeza é: nenhum treinador será capaz de fazer milagre com o elenco medíocre que o Botafogo tem. Apenas precisam fazer o simples, e saber o que o time possui de melhor (ou menos pior) para tentar se afastar do rebaixamento: Renan é melhor que Castillo; Wellington é de longe o melhor zagueiro do time; Eduardo é muito bom quando está afim de jogar; Juninho só sabe bater faltas, mas com as opções pra zaga (lê-se “Emerson”) e pro ataque que não faz gols, isso já basta; Batista não pode ser escalado na ala-esquerda; entre os volantes ninguém presta, então pode escalar qualquer um; Lúcio Flávio não pode ser encarado como salvador da pátria, não adianta o cara armar o time se ninguém mais sabe jogar bola do meio pra frente; Reinaldo vai ser chinelinho o ano todo; Victor Simões nunca ouviu falar em lei do impedimento, além de atrapalhar todos os ataques do time; Renato é ruim mas chega bem no ataque; André Lima nunca será o craque que a torcida pensa que é. O resto do elenco não merece comentários. Com esse time, o Botafogo – quer seja com Ney, quer seja com qualquer outro técnico – chegará a lugar nenhum. Mas, para quem está vindo do nada, ntalvez não seja mau negócio tentar mudar.

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